09/05/2007

Individual













Tenho escrito.
Às vezes, nem eu percebo o que escrevo mas é normal, porque as outras pessoas
que me lêem, também não. Mas isso é n o r m a l, repito.
Estamos todos a entrar numa fase de individualidade, à qual também eu não fujo.
Como individual, o meu espaço físico, psicológico e social, resume-se a Eu. E como tal
só me percebo a mim, só me conheço a mim e só me quero e dou a mim.
Neste “EU MUNDO” tenho uma família “enlatada”, amigos “concentrados”, trabalhos “xs” e espaços limitados pelo espaço do meu computador.
(raramente descruzo as pernas – as acções são quase nulas)
O corpo começa a dar sinal de si...(é a palma da mão direita que dói)
Também tenho desenhado muito ultimamente.
(as horas ao computador são a única coisa que tenho a mais neste EU)
Mas não me quero queixar. Raramente o faço.
Até porque há coisas que se queixam por mim, para mim. E isso até é justo!
As minhas mãos mostraram-me ontem mazelas. Uma feia calosidade vermelha entre a união do pulso com a palma.
O meu pescoço e costas por vezes gritam por descanso em forma de dores agudas.
E até o meu cóccix tem estado refilão.
Mas isto não é nada, nem sequer me levem a sério. Leiam isto como um romance ficcional.
Nada mais que uma espécie de “muro das lamentações” para dar voz a partes do meu corpo.

Nada disto é real!
Está bom assim?
Isto não tinha começado para ser isto. Mas já que o foi, agora quero que isto seja
também uma espécie de agradecimento ao meu corpo:
Mãos, quero que saibam que estou orgulhosa de vocês. Mesmo com essas
unhas feias e dedos atarracados.
Pescoço obrigada pelo “apoio”.
(esta até foi engraçada)
E cóccix, tu és e serás sempre “único e especial”.
A todos os outros membros, músculos, ossos, articulações, órgãos, pele, zonas e sentidos
do meu corpo, um grande bem-haja porque sem eles, nada disto seria possível.


Lúcia Freire


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