02/12/2007

Os Rothschild

Desde há muito, são patronos das Artes de reputação exemplar. O seu historial de dedicação constante e forte incentivo à criatividade artística resultou numa actividade filantrópica inigualável, além de proporcionar laços de amizade com alguns dos maiores nomes do mundo das Artes. Ainda no século XVIII, Mayer Amschel Rothschild, fundador da dinastia familiar, desenvolveu uma perícia invulgar no coleccionar de moedas antigas. O mais velho dos seus cinco filhos deu início a uma colecção de obras de arte magníficas, promovendo desta forma a ascensão de Frankfurt, cidade natal da família, às mais altas esferas do iluminismo artístico da Europa.

A extensa lista de figuras artísticas que, ao longo dos tempos, fizeram parte do círculo de amigos dos Rothschild, é verdadeiramente extraordinária. No século XIX, Chopin foi amigo pessoal e professor de Betty de Rothschild, cujo célebre retrato de Ingres tem maravilhado tanto especialistas de Arte como o público em geral, em todo o mundo. Mendelssohn ministrou aulas às talentosas filhas de Nathan Mayer Rothschild. Rossini, um dos génios da ópera italiana, era amigo pessoal de James de Rothschild. Uma das histórias que ficaram célebres deste compositor foi o seu estratagema para ser presenteado com umas requintadas garrafas de vinho pelo grande banqueiro, proprietário de Château Lafitte, provavelmente a melhor propriedade vinícola do mundo. O mesmo James é retratado em romances de Balzac e Disraeli. Outras figuras do mundo da música próximas da Família Rothschild foram Liszt, Paganini, Poulenc e Milhaud, nomeando apenas alguns.

Edmond James de Rothschild, também conhecido como o Benfeitor e avô do fundador epónimo do grupo LCF Rothschild, doou mais de 40.000 gravuras e desenhos ao Museu do Louvre, uma colecção que tinha iniciado com apenas cinco anos de idade! Em Paris, podemos também maravilharmo-nos com os desenhos que compõem a Colecção Edmond de Rothschild de desenhos dos Grandes Mestres, com obras desde Leonardo da Vinci a Dürer ou Rembrandt. O seu filho, Maurice, desempenhou um papel crucial para o sucesso memorável dos Ballets Russes em Paris antes da Segunda Guerra Mundial. Foi um triunfo sem precedente para todos os envolvidos, incluindo o compositor Stravinsky. O neto, Edmond, perpetuou esta tradição indefectível, fomentando, em especial, a divulgação mundial do requinte e da mestria das artes e ofícios franceses. A sua doação do sumptuoso French Room ao Museu de Israel é considerada um marco memorável na história deste país e uma revelação de grande beleza estética. A sua generosidade também se fez sentir na cidade de Genebra ao presentear o Museu de Belas Artes com um vaso grego de reputação lendária, o qual ainda hoje se destaca como a obra-prima da colecção do museu. Por fim, importa referir ainda a colecção única que Edmond reuniu de artefactos vitivinícolas que datam da época do Renascimento, muito aclamada por especialistas.

Benjamin de Rothschild e a sua mulher Ariane prosseguem, actualmente, o dever imposto pela tradição, preservando este legado extraordinário, ao mesmo tempo que incentivam a inovação. As diversas fundações a que presidem continuam profundamente empenhadas no patrocínio das Artes, especialmente através da protecção do saber e da mestria dos artesãos, passando o seu testemunho para as gerações mais novas. Contribuem também para o apoio ao desenvolvimento da pintura contemporânea asiática, com traços de criatividade ímpar. Por fim, o tributo que prestam às heranças musicais é manifesto e constante, tendo como exemplo o apoio ao famoso maestro espanhol Jordi Savall e à voz celestial de Montserrat Figueras. Segundo as palavras firmes e entusiastas de Ariane de Rothschild, «a arte e a música possuem a virtude notável de fomentar o diálogo entre culturas e de aproximar os povos».

( Ariane de Rothschild art prize: http://www.arartprize.com/)

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