24/06/2008

Um gato

Há algo que me chama para lá desta janela e eu não sei o que é
Um chamamento que eu não ouço, nem vejo… que apenas sinto.
Estes que aqui andam também não notam.
Olho-os daqui de baixo e não vejo nada.
Eles olham para mim e riem. Também não vêm nada - Sou um gato!
Vão para os seus quartos, fecham as portas e deitam-se.
Há um que me leva com ele, que me deixa ao fundo da cama, mas que também não nota.
Apenas eu olho os buracos da janela à procura desse algo, uma liberdade que não conheço, mas não encontro.
Sinto apenas a chuva, o vento e o nada.
Cá dentro o silêncio e uma força dentro de mim que me impele para o desconhecido.


(João Freire)