27/08/2009

A dança da vida



Dançam de forma perfeita. Enleados, quase indistintos, entendem-se, conversam e são cordiais.
É essa a dança!
(Ninguém valoriza um obrigado, um se faz favor ou até um com licença numa relação a dois)
Tenho de ser melhor, deixar de invejá-los naquela dança, não pelas pessoas – eu não invejo pessoas –, mas sim pelo que elas têm: a dança. Eu invejo a dança deles e sinto que tenho de melhorar.
(Talvez um tango ou uma valsa)
Ouço uma música, mas não é convidativa… ainda não.
Tenho de melhorar! Quero aprender...
(a dançar!)
E aqueço-me nesta esperança, o combustível perfeito, na consciência dos meus defeitos, como se de um caminho se tratasse.
Percorro-o e espero chegar.


(João Freire)

21/08/2009

Compromissos comerciais para quem...

Para quem gosta de música


Para quem gosta de dança e cantar à chuva



Para quem gosta de poesia


Para quem gosta de cinema


Para quem gosta de sonhar

17/08/2009

Loucura

E ao fim do dia já não se recordava de quem era.
(E logo ele que sempre se afligira a pensar nessas coisas enfermiças)
Não tinha sido um acontecimento isolado a provocar aquela transformação, nada de um momento para o outro, aliás, pudesse ele recordar-se - no meio de todas as memórias avulsas, imagens e sons que deambulavam erraticamente pela sua mente - e identificaria perfeitamente vários momentos decisivos na evolução da doença. Um dia em que se esqueceu das chaves de casa, outro dia em que reparou, já no elevador do seu prédio, que se esquecera de vestir uma camisa, até àquele dia em que deu por si num escuro beco da cidade com o lábio a sangrar. Pudesse ele lembrar-se de todos esses dias estranhos, nos quais havia uma réstia de coerência temporal e não sobreviria o medo e a confusão. Pior, só quando a sua imaginação gozava com ele, quando lhe assomavam imagens à cabeça de acontecimentos que lhe pareciam tão reais, mas que nunca lhe permitiam saber se o seriam de facto, se tais imagens se referiam a alguma experiência vivida ou, por outro lado, imaginada ou vista, ouvida ou lida, o que fosse, como quando afirmou que queria voltar para a sua mulher, apesar de nunca ter sido casado, ou quando jurou que tinha estado em Woodstock, apesar de ter apenas 39 anos. Nada era mais triste do que a cara dele ao dizer essas coisas, sabendo quem o ouvia que tudo era imaginado e sabendo ele que todos o olhavam como se ele fosse louco.
Tudo perdera o sentido e a ausência desse sentido era a única coisa que o seu cérebro, limitado pela doença, conseguia sentir de forma inteligente.

(João Freire)


Para o tema de Fevereiro de 2011, Loucura, num desafio da "Fábrica de Letras".

Crazy - Cat Power (Cover)

13/08/2009

Festivais de Verão e El Mago

Nine Inch Nails em Paredes de Coura

Visitados neste blogue aqui, aqui, aqui e aqui.


Faith No More no Sudoeste


Visitados neste blogue aqui, aqui, aqui e aqui.
(Para além destas pérolas musicais isoladas que se podem encontrar pelo Youtube, também existe um concerto parecido àquele que deram no Sudoeste, que pode ser encontrado na íntegra aqui.)

...Ainda há bandas de jeito a fazer música de jeito. O Rock está salvo... por enquanto.


*fotografias retiradas do blitz

P.S. - Enquanto estava a ver os Faith No More, acho que o Benfica também deu um festival.

05/08/2009

Braga


Sou um homem de rotinas, poder-se-ia dizer que sofro de uma desordem obsessiva-compulsiva, mas dizê-lo pode parecer pretensioso e por isso não o digo. Digo apenas que tenho formas diferentes de fazer as coisas, algumas que me irritam, outras que me acalmam.
Acordo todos os dias Às 6:38. Se mudo o horário do despertador, faço-o sempre para uma hora que acabe em 8 ou 4, de resto, nunca termino as coisas sem chegar ao ponto que previamente estabeleci, seja a página de um livro ou o número de flexões que faço antes de tomar banho. Faço isto, ainda que demore mais um quarto de hora no trabalho para terminar algo ou meia hora na casa-de-banho para acabar um capítulo do António Lobo Antunes. Depois, sempre que viajo, tenho de comprar coisas específicas para os meus irmãos (um instrumento musical para ele e pins para ela - penso que ela já nem os suportará) e tenho de tirar sempre duas fotografias (estas não vou explicar, mas são sempre duas fotografias em situações específicas). Depois, por último, há algo que eu faço sempre e que é a coisa mais saborosa que posso fazer, que é a rotina da francesinha sempre que vou a Braga. Nunca falho e, apesar de me dizerem que "na Regaleira é que é" ou que "as da Foz são as melhores", eu não dispenso as do 053*, ao lado da Gulbenkian, em Braga, claro.

(João Freire)

* 053 deve-se à referência do indicativo do telefone de Braga. Antes era o 053, agora é o 253. As francesinhas continuam a ser no 053

Reaproveitado para o tema de Dezembro de 2010 sobre Objectos, pessoas, sítios e acontecimentos, num desafio da "Fábrica de Letras".