03/09/2012

Talvez o cavalo não quisesse pisar os manifestantes mas sim sacudir o cavaleiro...

A tourada vai deixar de existir daqui a alguns anos. Esse facto é tão certo como o aborto ter sido legalizado, o casamento entre casais do mesmo sexo ser permitido e a adopção por casais do mesmo sexo ser encorajada. São inevitabilidades que têm a ver com a evolução da humanidade. Por enquanto ainda não chegámos lá. Não chegámos lá como não chegámos à responsabilização política pelo estado do país, à criminalização dos bancos pelas suas acções ou ao fim do hábito de cuspir e deitar o lixo ao chão. Faz tudo parte dum grande processo relativamente ao qual nos encontramos um pouco atrasados. Não somos os mais atrasados, claro, há certamente mais gente atrás de nós... mas isso não deveria servir para justificar nada. Nesta questão das touradas, como na questão do conflito israelo-palestiniano, não pretendo convencer nem doutrinar ninguém, mas há dois argumentos, um de cada lado, que são usados e com os quais discordo plenamente. Em primeiro lugar, não coloco no mesmo patamar um animal dito irracional a uma pessoa. Às vezes a distância pode ser ínfima, pode até haver casos em que, por comparação, eu prefira um animal dito irracional a uma pessoa, animal dito racional, talvez seja mesmo por isso que existe sempre a tendência de falarmos em animais irracionais e racionais... porque às vezes será difícil distinguir os animais. Mas, pensando numa regra geral, não são iguais. Tal como não considero que todos os animais são iguais, porque haverá alguns pelos quais nutro uma maior simpatia. Gosto de cães e gatos, mas não sou particular fã de sapos... nem abelhas, mas os insectos ainda estariam bem pior nesta hierarquia. Em segundo lugar, não é a mesma coisa matar para comer (ou comer carne de matadouro, para ser mais exacto) ou matar por entretenimento, apesar de aqui também poder haver excepções por existirem matadouros que funcionem tão mal ou pior no processo de morte que uma tourada, mas, como disse antes, tratamos de generalizações. É por isso que eu não compreendo os argumentos que se têm debatido entre apoiantes e manifestantes da tourada. Claro que há bestas nos dois lados, imagino até que haverá mais bestas no lado dos apoiantes, mas isso é apenas uma opinião, tal como a que toda a gente tem direito a ter sem, no entanto exagerar. Fundamentalismos são a morte de qualquer discussão civilizada. Claro que não fiquei feliz com o estado em que o forcado ficou, nem nunca desejaria que alguém ficasse paralítico ou paraplégico ou que sofresse algum mal terrível por maltratar um animal. No máximo, o que poderia fazer, era causar esse estado em alguém que tentasse usar um cavalo como arma mortal (penso que será assim que se enquadrará juridicamente) contra mim. Todos nós temos uma parte maligna e até sádica dentro de nós, aquela vertigem que nos leva a abrandar perante um grave acidente ou a vontade de colocarmos metades de nozes nas patas de um gato para o vermos estatelar-se no chão uma e outra vez. Admito que fiz isso quando era criança e até coisas piores, mas a diferença que tem de imperar nestas coisas é a consciência das nossas acções e do exemplo que damos aos outros, principalmente aos mais novos, porque, esses, ao contrário dos outros são os únicos que poderão ver a razão sem estarem toldados pelo fundamentalismo.

22/05/2012

SOULSAVERS - Longest Day

I was walking home lonely the other night
I couldn't see a single star in the sky
Oh, they must be too high
Shadows dance around me in the dark
Oh, don't stop.

This could be the longest day
And the night has yet to come
This must be the door to take
There's nowhere left to run
This could be the longest day
And the night has yet to come
This must be the door to take
I've nowhere left to run.

Was eleven years to change what have been lost
One single shot was fired and what a cost
Oh, and what a cost.

This could be the longest day
And the night has yet to come
This must be the door to take
There's nowhere left to run
This could be the longest day
And the night has yet to come
This must be the door to take
I've nowhere left to run.

I wanna run
I better run now
Run
As far as I can.
 SOULSAVERS feat. DAVE GAHAN - Longest Day

16/05/2012

Façam o que fizerem, façam-no bem.

Muita gente se aborrece com a vida, com o trabalho e as rotinas diárias, ignorando que a maior parte da nossa vida é preenchida com essa mesma vida corriqueira e, sobretudo, com as pessoas que a preenchem. Se queremos ser felizes temos de tornar esse grande bocado da nossa vida no melhor possível, dispensando talvez as fantasias que nos acenam de longe. O que estes jovens fizeram, para além do momento youtube, foi tornar o dia daquelas pessoas que estavam a ouvir um dia um bocadinho (muito) melhor. Palmas para eles.

04/05/2012

Can i stand the shame and self-loathing? Yes! Yes, i think i can.



Para o desafio de Maio da Fábrica de Letras, subordinado ao tema "Destino"

30/04/2012

MEC

"Às vezes encontramo-nos com a cabeça nas mãos. Tudo o que poderia ter corrido bem correu mal. O mundo, que era igual à vida, afasta-se de repente. Distancia-se e continua a existir, como se nada tivesse a ver ou a haver connosco, como se fizesse questão de mostrar a independência dele, mundo, que não existe só porque nos damos conta dele. A má notícia é má, mas a pior, para quem cá está, é a pessoal. A minha pessoa é a Maria João e a Maria João passa mal. Nem o amor nem a sabedoria médica a podem salvar. Só uma conjunção das duas coisas, mais um acrescento de milagre. O cabrão do cancro alastra-se. Exterminado no pulmão ou na mama, foge para o cérebro, onde se refugia e cresce. Forma uma força da morte, aproveitando as barreiras antigas entre o sangue e o cérebro, que infiltra conforme lhe apetece. Hoje, domingo, é o último dia em que estaremos juntos, dois amores, felizes há quase vinte anos. Amanhã, logo às nove da manhã, estaremos na consulta dos excelentes neurocirurgiões do Hospital de Santa Maria, onde nos avisarão das complicações possíveis. Obama deveria inspirar-se na perfeição clínica e humana do serviço de saúde português e francês. Mas a dor não diminui. Nem a tristeza abranda. Vai morrer o meu amor. Não vai. Como o meu amor por ela, nunca há-de morrer. As coisas acontecem sem acontecer o pensamento nelas. A alma, o coração e a cabeça são coisas diferentes. Que se dão bem. E são amigas. E deixam de ser quando morrem."

Miguel Esteves Cardoso, in Público.

(Por esta altura, já muita gente partilhou isto, mas se há coisas que merecem ser repetidas, esta é seguramente uma delas)

19/04/2012

Rastos

A morte deixa um rasto pequeno e um funeral, apesar da longa caminhada e do choro de algumas pessoas é a prova disso, restando no fim, depois de se baixar o caixão, um estranho sem qualquer ligação ou emoção perante o que ali sucede a encher um buraco com terra enquanto as pessoas se afastam, comentando que era boa pessoa e que foi tudo muito rápido. A morte deixa um rasto muito pequeno e muito do sofrimento de quem ali estava já passou, e talvez isso seja uma coisa boa. 

Quando eu morrer by GNR on Grooveshark


31/03/2012

Em tempo de guerra, a primeira vítima é a verdade


Foi por volta do meio-dia de 1 de Fevereiro de 1968 que o General Nguyen Ngoc Loan executou sumariamente um prisioneiro Viet Cong nas ruas de Saigão, durante a Ofensiva de Tet. Quase por acaso, Eddie Adams, um fotógrafo da AP, captou a fotografia que viria a ser uma das mais icónicas da guerra e a perfeita analogia para o desconforto que tal guerra causava entre a opinião pública mundial. (Também há o vídeo, captado por Vo Suu para a NBC).
O que a fotografia e o vídeo mostram à primeira vista é o à vontade do General, um esgar de raiva do soldado que observa no canto esquerdo e o medo patente no rosto do jovem indefeso, com as mãos algemadas, perante uma indiferença generalizada dos que os circundam, num acto de total desumanidade e desrespeito pelos mais básicos valores e direitos humanos. Mas a realidade nunca é bem assim. Não se sabe ao certo o nome da vítima (frequentemente apontada como Nguyem Van Lem), mas, independentemente do seu nome, sabe-se que era um 'oficial' norte-vietnamita, que comandaria uma brigada da morte, que tinha sido apanhado a matar não só oficiais sul-vietnamitas, próximos do general Loan, como as respectivas famílias.
"O general matou o Viet Cong; eu matei o general com a minha câmara. As fotografias são a arma mais poderosa no mundo, as pessoas acreditam nelas, mas as fotografias mentem, mesmo sem manipulação. Elas são apenas meias-verdades... o que a fotografia não disse foi: o que é que você faria se fosse o general naquela altura e lugar, naquele dia quente, e apanhasse o dito mauzão depois dele matar um, dois ou três americanos?"
Eddie Adams
Para o desafio de Março da Fábrica de Letras, subordinado ao tema "Fotografia"


*Citação de Boake Carter


Nine Inch Nails - The Great Below

13/02/2012

Uma grande anedota

- "I have one joke about God. I'd like to try it on you."
- "Go for it!"
 - "OK. So a guy commits suicide. And he goes to heaven, ok? And he gets to heaven. And God greets him there, and the guy said, «I'm so surprised I'm here. First of all, I thought there was no God. Second of all, I thought if you killed yourself, you know, you were damned forever.» God said, «You know, that's a complicated issue. Everybody at least thinks about ending it, you know, killing themselves at some point.» And God says, «Even I've thought of it.» The guy said, «Can I ask, why didn't you do it?» And God said, «What if this is all there is?»


No vídeo (que vale a pena ver na íntegra) a anedota começa ao minuto 5:10.

04/01/2012

As melhores músicas de 2011

Toda a gente gosta destes desafios em corrente... ou não! Eu também não gosto, mas agora lembrei-me de publicar isto e através de um desafio em corrente ver se descubro alguma coisa interessante. A ver se funciona...
Para participar têm de escolher cinco músicas que descobriram no ano 2011. Podem não ter sido editadas nesse ano, mas ter sido ouvidas apenas nesse ano.

1º - Soulsavers - Revival


2º - The Naked and Famous - Young Blood


3º - Márcia com JP Simões - A pele que há em mim


4º - We trust - Time (Better not stop)


5 º - Awolnation - Kill your Idols


Menção honrosa para Sing Along dos Blue Man Group (com Dave matthews), Percussion Gun, dos White RabbitsGimme Shelter, na versão dos Playing for Change, That Look You Give That Guy, dos Eels e a Mr. Carousel, de Noiserv.

Lanço o desafio à Pronúncia do Norte, à Brown Eyes, à Por entre o luar, à ipsis verbis, ao pinguim, à Briseis, à Catarina, à Fê-blue bird, ao Catsone, à Vita C, ao Moyle,  à Maria, à Mz, à caminhante, ao Dylan, ao Cirrus, à Anouc e a todos os colegas bloggers (nomeadamente aqueles que deixaram de escrever) que quiserem publicar as suas escolhas musicais do ano.